Bullying


     Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.
     O bullying se divide em duas categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência.
     O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.
     As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.
     As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.
     O(s) autor(es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.
     No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.
     Os atos de bullying ferem princípios constitucionais – respeito à dignidade da pessoa humana – e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do      Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho.



Segue abaixo uma notícia a respeito do tema


Garoto de 10 anos sofre bullying e é agredido na escola por usar óculos
Criança foi internada por três dias após sofrer desmaios e convulsões.

     Mãe do garoto registrou boletim de ocorrência e aguarda audiência.
     A violência entre estudantes continua a assustar pais, funcionários de escolas, e especialmente os principais alvos das agressões: as crianças e adolescentes. Um caso de bullying foi registrado na cidade de Gilbués, a 797 km de Teresina, Sul do Piauí. Um garoto de 10 anos foi agredido ao sair da escola, violência esta motivada pelo simples fato do menino usar óculos. Vídeos mostrando as agressões ganharam repercussão nas redes sociais em toda a região. O caso aconteceu no dia 22 deste mês, mas somente nessa terça-feira (28) a família registrou um Boletim de Ocorrência.
     A mãe da criança, a dona de casa Valderez Dourado Soares, conta que a agressão sofrida pelo filho foi tamanha, que o garoto passou a apresentar desmaios e a sofrer também convulsões, que ela acredita serem decorrentes dos traumas na cabeça. O menino, que chegou a ser internado em um hospital na cidade vizinha de Bom Jesus, foi liberado apenas no sábado (25), mas agora, além das marcas físicas em seu corpo, carrega também o trauma psicológico do momento que passou.
     “Meu filho agora fica nervoso apenas em ouvir falar de escola. Diz que nunca mais vai voltar para lá. Ele é uma criança curiosa, mas muito tímida, que gosta de estudar. Agora não sei mais como vai ser. Ele foi espancado por outros meninos, todos maiores do que ele. Bateram, pisaram e chutaram o meu filho. Até com um tijolo ele foi agredido”, conta Valderez.
     Segundo a mãe, o garoto já havia sido alvo de agressões anteriores, causadas principalmente pela implicância dos outros estudantes com os óculos do filho. O menino, que além de apanhar frequentemente, também era submetido a violências de outras naturezas, como apelidos e humilhações constantes.
     “Já havia mais de um ano que ele apanhava no colégio. Além de baterem nele, ainda o chamavam por apelidos, como “quatro-olhos” e “jeca”, e isso o deixava muito triste”, relata a mãe.
     Valderez conta ainda que seu filho, mesmo tendo recebido alta do hospital continua sentindo dores de cabeça e confessa temer pela saúde do garoto. De acordo com ela, outros exames ainda serão realizados e o menino passará também a contar com ajuda psicológica ainda esta semana.
     “Todos os dias ele chora reclamando de dores de cabeça. Alguns exames estão marcados, mas estou começando a ficar com medo por ele. Meu medo é que seja uma coisa mais grave, e já pensamos até em ir para Teresina fazer o tratamento dele. Conversei com as pessoas do conselho tutelar da região e me disseram que na sexta-feira (31) ele vai ser atendido por um psicólogo, o que me acalma um pouco”, disse.
     Outro motivo que revolta a família da criança seria a ausência dos outros pais dos garotos envolvidos na agressão. Segundo Valderez, a diretoria da escola teria solicitado a presença de todos os pais em uma reunião na manhã desta quarta-feira (29), mas apenas uma mãe teria comparecido. Ela, que registrou um boletim de ocorrência nessa terça-feira, afirma que a polícia enviou uma intimação aos responsáveis pelas crianças, para que compareçam à delegacia.
     “A diretora do colégio convidou todos os pais para uma reunião e só uma mãe apareceu para conversar. Isso causa uma revolta, porque mostra que eles não estão nem um pouco interessados com a violência que nossos filhos sofrem. Fiz um boletim de ocorrência, e a polícia mandou uma intimação para os outros pais para que eles compareçam a uma audiência na delegacia. Espero que agora eles demonstrem um pouco de atenção”, desabafa.
     A equipe do G1 procurou a direção da escola das crianças, mas não conseguiu falar com o diretor. O secretário de educação do município também foi procurado para comentar o assunto, mas segundo funcionários da secretaria estaria em uma reunião. O delegado que acompanha o caso também foi procurado pela reportagem, mas na delegacia as ligações não foram atendidas.
     Casos como este da cidade de Gilbués não são novidades quando se trata do relacionamento entre crianças, e para a psicopedagoga Patrícia Sampaio, ninguém pratica o bullying à toa. “A criança faz porque vê em casa. Então as escolas têm que trabalhar muito com a família, com os alunos, não é negar que houve, porque a primeira coisa que ocorre é a negação por parte da escola de que o fato não aconteceu. A informação é um fator primordial. Se as crianças forem trabalhadas desde cedo para aceitar as pessoas o cenário pode ser outro”, disse.


Textos retirados dos sites:

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